quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Newsmaking

Foto: Per Foreby

Por Poliana Micheletti.


A abordagem do newsmaking é definida pelas perguntas: “Que imagem do mundo fornecem os noticiários televisivos? Como se associa essa imagem às exigências cotidianas da produção de notícias, nos organismos radiotelevisivos?” (Golding – Elliott, 1979, 1). Nesta abordagem articula-se a organização do trabalho e dos processos produtivos no Jornalismo. O objetivo de selecionar tornou-se mais difícil devido a uma característica posterior dos acontecimentos. Cada um deles pode exigir ser único, fruto de uma conjunção específica de forças sociais, econômicas, políticas e psicológicas.

Nos órgãos de informação, para produzirem notícias, devem cumprir três obrigações:
  • Tornar possível o reconhecimento de um fato desconhecido como acontecimento notável.
  • Elaborar formas de relatar os acontecimentos que não tenham em conta a pretensão de cada fato ocorrido a um tratamento idiossincrásico.
  • Organizar, temporal e espacialmente, o trabalho.

Há as restrições ligadas à organização do trabalho, sobre as quais se criam convenções profissionais, estabelecendo assim, um conjunto de critérios, de relevância que definem a noticiabilidade de cada acontecimento. Esta é avaliada quanto ao grau de integração que ele apresenta em relação ao curso, normal e rotineiro, das fases de produção. No entanto, noticiabilidade é o conjunto de elementos através dos quais o órgão informativo controla e gere a quantidade e o tipo de acontecimentos, de entre os quais há que selecionar as notícias. Na seleção dos acontecimentos a transformar em notícias, os critérios de relevância funcionam conjuntamente. Os valores/notícia são critérios de relevância espalhados ao longo de todo o processo de produção, servindo para operarem de maneira peculiar. Estes derivam pressupostos implícitos ou de considerações relativas: a) às características substantivas da notícia; b) à disponibilidade do material e aos critérios relativos ao produto informativo; c) ao público; d) à concorrência.

Os critérios substantivos articulam-se em dois segmentos: a importância e o interesse da notícia. E é determinado em quatro variáveis, entre elas: 1) Grau e nível hierárquico dos indivíduos envolvidos no acontecimento noticiável; 2) Impacte sobre a nação e sobre o interesse nacional; 3) Quantidade de pessoas que o acontecimento envolve; 4) Relevância e significatividade do acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação.

Os critérios relativos ao produto dizem respeito à disponibilidade de materiais e às características específicas do produto informativo. Os critérios relativos ao meio de comunicação estão diretamente associados a todos os critérios de relevância relativos ao público, quanto à finalidade de entreter, quanto de fornecer um produto interessante. Os critérios relativos ao público tratam-se de um aspecto difícil de definir, pois é rico em tesões opostas. Mas existe o aspecto da proteção, ou seja, a não noticiabilidade de fatos ou acontecimentos cuja cobertura informativa provocaria traumas ou ansiedade no público ou feriria sua sensibilidade ou seus gostos. Nos critérios relativos à concorrência, segundo Gans, a situação de competição dá origem a três tendências que, se refletem sobre alguns dos valores/notícia, reforçando-os. Alguns são sempre relevantes, mas o número e a combinação pertinente para as notícias específicas variam. Isso significa que a “transformação” de um acontecimento em notícia é o resultado de uma ponderação entre avaliações relativas a elementos de peso, relevo e rigidez diferentes quanto aos procedimentos produtivos.

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